quinta-feira, fevereiro 23, 2006

A vida curta dos natimortos EZ-D

Quem se lembra dos EZ-D? Mal foram lançados e desapareceram. Em 2003, a Walt Disney Co. anunciou que pretendia impedir a pirataria colocando um mecanismo de autodestruição em seus DVDs. Os novos discos, chamados de EZ-D, viriam com o alerta Este disco se autodestruirá em 48 horas. Quem alugasse o filme não precisaria devolvê-lo à locadora. A autodestruição dar-se-ia através de um processo de oxidação, que tornaria o DVD ilegível. De cor vermelha, quando retirados do pacote e expostos ao oxigênio, os discos tornar-se-iam pretos, impossibilitando a leitura pelo laser. A tecnologia, desenvolvida pela empresa Flexplay Technologies, tentava evitar que os hackers utilizassem o disco além do prazo permitido. Mas a idéia era tola: a tecnologia da copiagem também evoluía, e o disco podia ser clonado dentro do seu prazo de validade...

Luiz Nazario

quarta-feira, fevereiro 22, 2006

Cinema, TV e DVD – Formatos da Imagem

A tecnologia do DVD finalmente permitiu aos cinéfilos assistir na TV Tradicional (4/3) ou na TV Widescreen (16/9) aos filmes em seus formatos cinematográficos originais, sem a supressão de partes significativas da imagem operada no vídeo. Mas nem sempre essa possibilidade é aproveitada nos DVDs lançados – sobretudo – no Brasil, onde essas nuances (quase brutais) não chegam a ser percebidas pelo consumidor comum.

Na TV 4/3, para cada 4 unidades de largura há uma relação de 3 unidades de altura; dividindo 4:3, tem-se 1.33:1 – o formato Fullscreen ou Full Frame que preenche toda a tela. Até os anos 1950 este era o único formato disponível, e todos os programas e filmes televisivos fizeram uso dele:


Já o formato Pan&Scan tenta adaptar formatos originais em Widescreen (16/9) ao Fullscreen (4/3), mantendo a altura do fotograma e cortando os lados: perde-se na tela da TV mais de 50% da imagem original do filme:


A solução alternativa ao massacrante Pan&Scan é o formato Letterbox, que utiliza as 270 linhas centrais, com faixas negras ocupando as restantes, em cima e em baixo da imagem, permitindo ver mesmo numa TV 4/3 o fotograma na sua totalidade, com sua relação de aspecto (aspect ratio) mantida como no original:


Na TV 16/9, para cada 16 unidades de largura há 9 unidades de altura; dividindo 16:9, tem-se 1.78. Se a tela é inteiramente ocupada pela imagem, a relação de aspecto é 1.85:1; se há duas faixas pretas no alto e em baixo, a relação é 2.35:1:


Os filmes em Widescreen têm a melhor performance no formato Anamórfico, que apresenta sua máxima qualidade na TV 16/9. O formato expande a imagem, para que ela desfrute das 480 linhas horizontais de resolução que toda TV, seja 4/3 ou 16/9, dispõe. Na TV 4/3, esse formato deforma a imagem, mas na TV 16/9 um circuito reconhece o sinal anamórfico e comprime as 480 linhas nas normais 270. Assim, a resolução é sensivelmente mais alta e a razão de aspecto tem exata correspondência.

Atualmente, a lente Super 35 permite rodar contemporaneamente a versão Widescreen e a Fullscreen sem perda de partes da imagem. No exemplo do filme Con Air abaixo, a imagem do cinema possui a relação de aspecto 2.35:1, mas não representa todo o material filmado, apenas uma porção dele. Para ajustar a imagem Widescreen ao formato Fullscreen da TV 4/3 basta utilizar a imagem inteira captada:


Assim, antes de adquirir um DVD de seu filme amado e desejado, pesquise na embalagem o formato em que a versão foi lançada: se aí constar o formato Fullscreen, ou 4/3, ou 1.33:1, a não ser que a obra tenha sido originalmente realizada para TV, ou que seja essa a única versão existente da obra em todo o planeta, sua rejeição deve ser imediata.

Fonte do texto e das imagens: http://www.dvdessential.it/pagine/tecnica.htm

Luiz Nazario

terça-feira, fevereiro 14, 2006

Fantasmas japoneses coloridos


Imagem de abertura de Kwaidan, anunciando sua ousada aventura visual.


Os olhos na noite do conto "A mulher da neve".



A Continental lançou no Brasil um filme raro, e que provavelmente poucos poderiam esperar: Kwaidan (1964), dirigido por Masaki Kobayashi, tendo ainda as contribuições de Yoshio Myiajima (cinematografia) e as magníficas, imponentes e enigmáticas composições/ruídos do grande Tôru Takemitsu. Dividido em quatro contos – adaptados do livro e do universo do escritor anglo-japonês Lafcadio Hearn –, os 161 minutos de filme são uma deslumbrante e ousada aventura visual, que compensa a fraqueza de pelo menos duas narrativas (a primeira e a última). A colorida e agressiva fotografia, que explode no céu noturno e invernal de dalineanos olhos multicoloridos pintados no cenário (que fazem parte da belíssima composição visual do segundo episódio), necessitavam de uma passagem correta do mundo intenso e amplo da película para o universo concentrado da imagem na televisão. Nesse sentido, a cópia distribuída pela Continental é muito correta: em formato widescreen, sem os erros de codificação – causados por uma miríade de causas, que vão de problemas de software e hardware à crônicos defeitos de prensagem – que são a praga de muitas distribuidoras independentes, e mesmo big players, no Brasil.

As legendas apresentam-se sem erros muito perceptíveis de gramática, embora seja difícil aferir questões relacionadas à tradução. Pelo que podemos ver, comparando o segundo e o terceiro contos com a fonte inspiradora (os contos "Yuki-Onna" e "The Story of Mimi-Nashi-Hoichi", disponíveis na versão online do livro Kwaidan, de Lafcadio Hearn), a tradução segue o fio condutor da narrativa sem muitos tropeços.

A falta de extras, contudo, é um dos pequenos defeitos da edição, largamente compensado pela preservação da qualidade do filme, pois mesmo a edição da Criterion, que a Continental parece ter usado como parâmetro, apresenta certa pobreza nesse campo. No mais, esperemos que outros longas de terror poético japonês, como Ugetsu, de Mizoguchi, recém lançado pela Criterion, tenham espaço por aqui também.


Alcebiades Diniz Miguel


segunda-feira, fevereiro 13, 2006

Abertura

Nossa meta é oferecer, aos cinéfilos e colecionadores de DVDs, um serviço de monitoramento dos títulos lançados no mercado nacional e internacional, orientando os fanáticos da imagem em suas pesquisas e aquisições, auxiliando-os em sua busca incessante por informações de qualidade sobre as diversas versões das obras cinematográficas formatadas em discos. Mil olhos mabusianos serão lançados nas produtoras e lojas em busca dos melhores lançamentos, criticando a falta de qualidade dos DVDs produzidos por empresas que não entenderam ainda a natureza do consumo da imagem e destacando as melhores versões de cada filme, aquelas que merecem integrar o acervo de uma pequena, média ou grande cinemateca caseira.

Luiz Nazario