sexta-feira, maio 28, 2010

Sua Majestade Lula - Parte III

Na ilustração acima, o falecido cartunista Glauco demonstra o funcionamento de Dilma Rousseff.

Sua Majestade Lula disse estar certo da vitória fácil de Dilma Rousseff (PT) e, portanto, da necessária continuação de seu reinado (devem ser grandes os temores de abertura da caixa preta da Presidência). De fato, pesquisas do Ibope sobre pré-intenções de voto apontaram um crescimento espantoso da pré-candidatura da então pré-candidata à Presidência – de 17% em novembro de 2009 para 30% em fevereiro de 2010, enquanto o pré-candidato José Serra caía de 38% para 35% no mesmo período pré-eleitoral. Em seguida, uma Pesquisa Datafolha confirmou o fenômeno: “Dilma cresce em intenção de voto e já encosta em Serra” (Datafolha, 27/02/2010). A Ministra da Casa Civil teria pulado de 23% a 28% nas pesquisas de intenção de voto de dezembro a janeiro enquanto a taxa de intenção de voto do Governador de São Paulo teria caído de 37% para 32%. A pré-candidatura à Presidência da pré-candidata Dilma parece um monstro que cresce na sombra. Como explicar esse fenômeno em período pré-eleitoral?

O passado da pré-candidata ainda é nebuloso: alguns se referem a ela como uma idealista estudante de família rica, inocentemente engajada nos movimentos estudantis, presa e torturada pela cruel ditadura, outros como uma terrorista de esquerda bem treinada, assaltante de banco e envolvida em assassinatos políticos pela inocente ditadura. Até 2009 o Currículo Lattes de Dilma Rousseff no CNPq e no site da Casa Civil ostentava a titulação de Doutora em Economia. Logo se descobriu que ela não tinha tese nem Doutorado. Dilma justificou-se: “Não concluí a tese pelo mesmo motivo que não concluí o Doutorado: eu virei Secretária da Fazenda. Eu não estava gazeteando... nada, eu estava trabalhando”. Dilma abandonou a Pós três anos antes de assumir a Secretaria.

Quando Ministra de Minas e Energia, Dilma foi apresentada no Programa Roda Viva (13/12/2004) como “economista com doutorado em teoria econômica”. E quando Ministra Chefe da Casa Civil, retornou ao Roda Viva (25/05/2006), sendo então apresentada como tendo exercido “a carreira de economista depois de fazer doutorado em economia monetária e financeira”. Nenhum desmentido seguiu-se aos equivocados anúncios públicos de seu “Doutorado”. Apenas depois da denúncia Dilma culpou um assessor por ter preenchido errado seu CV. A senha de acesso à plataforma Lattes é pessoal e intransferível; a inserção de informações falsas é passível de processo.

O jornalista Augusto Nunes percebeu que Dilma não se expressa com clareza. Apenas num único dia, 21 de março de 2010, ela proferiu umas três ou quatro frases que o deixaram espantado. Parece que uma das receitas do PT para se eternizar no poder é a criação de uma “novilíngua” à maneira dos regimes de caráter totalitário (“Programa Bolsa Família”, “Programa Fome Zero”, “Programa Minha Casa Minha Vida”, “Programa Luz para Todos”, “Programa Universidade para Todos”, “Programa Brasil Sorridente”, “Programa de Volta Para Casa”, “Instâncias de Controle Social”, “Ministério da Igualdade Racial”, “Política Nacional de Humanização”, “Portal da Transparência”, “Desenvolvimento Sustentável”, “Conselho da Verdade” – este diretamente inspirado no Ministério da Verdade, de 1984, de George Orwell). O objetivo é chapar a população, reduzindo o pensamento a slogans. A cada ano os brasileiros ficam mais estúpidos e satisfeitos. Interessa ao PT um Brasil chapado e dócil, facilmente enganado pela propaganda. Eis alguns ditos de Dilma comentados por Nunes:

- Sentirei uma certa saudade, porque tem coisa que vai ser inaugurado que passei barro por ela. É aquele negócio de ter orgulho do trabalho que faz ele virar parte de você. (Aparentemente querendo dizer que vai sentir falta da inauguração de pedras fundamentais, quadras antigas e creches ainda na planta.)

- É muito difícil quando você faz a discussão política não comparar realidades, porque não é só projeto que deve ser comparado, é a nossa capacidade de fazer o futuro e a capacidade do outro candidato (…), ou qualquer outra pessoa, e não vou falar no caso específico dele, a capacidade deles, da pessoa em questão, de dizer o seguinte: eu tenho condições de fazer porque eu fiz. Nós não vamos abrir mão de dizer: nós temos condições de fazer porque nós fizemos. (Aparentemente querendo dizer que, embora não diga coisa com coisa, vai fazer porque fez.)

A razão do crescimento espantoso da pré-candidatura da pré-candidata sem carisma pessoal (experimentado apenas brevemente após uma estratégica cirurgia plástica de rosto, estragada pela descoberta de um tumor, cujo tratamento comprometeu seu súbito embelezamento para fins eleitorais); sem experiência de campanha (fora os atuais comícios pré-eleitorais nas inaugurações das obras do PAC); sem um transparente currículo político (além de sua alardeada tortura); sem um passado de destaque na administração pública (excetuando cargos de confiança em governos petistas do Sul e no reinado de Sua Majestade); sem experiência de pós-graduação (apenas iniciada, com conclusão fraudada no Lattes); sem capacidade de exprimir-se corretamente (talvez de propósito, como no sotaque interiorano forçado de José Dirceu), a razão da súbita popularidade de Dilma transcende, enfim, sua figura. Ela deve ser encontrada no uso igualmente espantoso da máquina.

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) considerou que Dilma e Sua Majestade violaram a Lei Eleitoral durante a inauguração de obras do PAC no Rio de Janeiro. Sua Majestade interagiu com o público que gritava o nome de Dilma Rousseff dizendo: “Eu espero que a profecia que diz que a voz do povo é a voz de Deus esteja correta neste momento”. Foi punido com uma multa de R$ 5 mil. “Vamos recorrer”, declarou Dilma. Já Sua Majestade cobrou dos militantes, em outro comício, durante a inauguração de 106 apartamentos populares inacabados num bairro pobre em Osasco, o pagamento de eventual nova multa: “Se eu for multado, vou trazer a conta para vocês. Quem é que vai pagar a minha multa? Levanta a mão aí, que eu vou cobrar”, disse a uns mil adesistas que gritavam o nome da pré-candidata.

Sua Majestade, que criticara o governador José Serra por ter apresentado uma maquete de obra que pretendia licitar e construir (uma ponte ligando Santos a Guarujá) declarando: “Tem gente aí inaugurando até maquete”, não se acanhou com a falta de azulejos nos apartamentos que inaugurava, dizendo que isso era bom para as famílias beneficiadas, que podiam não gostar do revestimento original: “Tem gente que vê o azulejinho de uma cor e na semana seguinte está tirando e colocando outro. Então é melhor entregar semiacabado, para as pessoas poderem fazer o que elas gostam.” Dilma se entregou à liberdade poética dizendo aos moradores dos apartamentos de dois quartos com 50m² de área teriam varandas para namorar e olhar a lua: “Estou vendo a varandinha ali. Cada um de nós tem que ter direito a isso”, elogiou a Mãe do PAC, apontando um dos prédios, não percebendo que as unidades tinham apenas duas janelas, e nenhuma varanda, confundindo-se ao ver pessoas debruçadas sobre a grade de uma área de circulação, fora dos apartamentos.

Sua Majestade emendou de modo ainda mais poético: “Em vez de a mulher ficar batendo no marido com o chinelo ou com a concha de feijão, é melhor trancá-lo do lado de fora. Ele fica na varandinha, refrescando a cabeça”. E concluiu o comício prometendo intensificar o ritmo de suas viagens de campanha usando a máquina administrativa e o dinheiro público até a eleição de sua sucessora no reino: “Quem vai ser candidato tem que se afastar, mas nós vamos ter que trabalhar muito mais. Este ano vou viajar o Brasil inteiro, para inaugurar todas as coisas que estamos aprontando.” No mesmo dia, Sua Majestade recebia nova multa do TSE, desta vez de R$ 10 mil por uma propaganda antecipada em janeiro, na inauguração do Sindicato dos Trabalhadores em Processamento de Dados de São Paulo, quando disse que Dilma estava “palanqueira”.

Enquanto Sua Majestade recorria dessa multa, a diretoria do Sindicato apressava-se em fazer uma vaquinha junto aos seus associados para pagar os R$10 mil. Sua Majestade “profetizara” a vitória de Dilma: “A cara do Brasil vai mudar muito e quem vier depois de mim, e eu por razões legais não posso dizer quem é, e espero que vocês adivinhem, vai encontrar um programa pronto com dinheiro no Orçamento, porque estou fazendo o PAC 2”. Se o recurso de Sua Majestade for acatado e ele se livrar da multa, o Sindicato já fez à custa de idiotas uma caixinha, obrigado!

Sua Majestade não se amola com as multas. Ao participar na Conferência Nacional da Educação, em Brasília, declarou: “Daqui a pouco vou ter que trabalhar o resto da vida para pagar multa”, antecipando que não vai respeitar as leis nem parar de trabalhar para sua candidata. Foi defendido pelo advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, que afirmou que Sua Majestade “não vai deixar de exercer aquilo que a lei garante que ele pode fazer, como inaugurar e participar de campanha, senão, ele vai ser menos que qualquer cidadão. Não sei se é isso que a oposição quer, que ele seja menos [...] O governo faz o papel dele”.

Sua Majestade também condenou o uso da máquina pública nas campanhas, que ele atribui apenas aos adversários: “É preciso que a gente seja definitivamente republicano neste país, que a gente passe para a sociedade a ideia de que é possível você ajudar um candidato, você participar de um processo eleitoral, sem utilizar a máquina como sempre se usou neste país para beneficiar um ou outro candidato [...] fui multado porque eu falei que nós íamos ganhar as eleições, e a câmera de TV mostrou a cara da Dilma, que estava no palanque”, disse Sua Majestade em seu programa de rádio, eximindo-se de... de... De que mesmo?

Sua Majestade voltou à campanha num ato político de apoio do PCdoB à pré-candidatura da já ex-ministra Dilma Rousseff, declarando que nunca antes no país houve campanha eleitoral “tão fácil” à Presidência da República como a deste ano. Apesar de reconhecer a força dos adversários, Sua Majestade afirmou, de modo paradoxal e contraditório, que o PT ganhará fácil: “Eu, sinceramente, acho que nós não vamos ter uma campanha fácil. Mas se depender dos times que estão em campo, nunca tivemos uma tão fácil. Não porque os adversários sejam fracos [...]. Somos mais fortes. Estamos mais preparados, temos história. [...] Hoje não tem ninguém mais preparado do ponto de vista técnico para governar este país do que esta senhora, futura presidenta desse país.”

Sua Majestade declarou que fará “campanha na rua” por Dilma, desafiando o Judiciário: “Não podemos permitir que nosso destino fique correndo de tribunal para tribunal”. O presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros, Mozart Valadares Pires, repudiou as declarações de Sua Majestade salientando que ninguém “tem o direito de infringir a lei eleitoral e fazer campanha antecipada [...]. Todos estão subordinados à legislação brasileira. Não prestamos contas a um juiz, mas à legislação”. Valadares advertiu que Sua Majestade “não pode utilizar a máquina pública para pedir votos nem favorecer sua candidata.” Para Luís Fernando Vidal, presidente da Associação Juízes para a Democracia, Sua Majestade “deveria dar o primeiro exemplo de respeito às regras do jogo” e que sua declaração “passa a impressão de que algumas pessoas não estão sujeitas à lei e aí é o jogo do vale tudo.”

Já o novo Ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, defendeu a campanha eleitoral de Sua Majestade com argumentos tortuosos: “A legislação tem que conter regras claras para que sejam cumpridas. Se a legislação não tem regras claras, se a norma não está bem clara para qualquer tipo de pessoa, fica muito ao poder subjetivo de cada decisão judicial, pode ser diferente em cada ponto do Brasil essa análise de conduta [...] Quando se está tratando de uma conduta o ideal é que a norma regularize as condutas de maneira clara e objetiva a fim de que ela possa ser seguida por todos. Se isso não acontece, cria um campo de subjetividade que vai ser sempre objeto de uma interpretação que muitas vezes pode ser antagônica a outra. Não acho que a lei eleitoral é subjetiva, mas acho que as regras de conduta durante uma campanha eleitoral devem ser cada vez mais objeto de uma sistematização, de esclarecimento e de preenchimento dessas lacunas que porventura existam para impedir justamente que o Poder Judiciário tenha que ser chamado a cada ato para dizer o que é ou não permitido no processo eleitoral. Devemos evitar a judicialização da questão eleitoral. Acho que o melhor é que esse processo seja mais conduzido no campo político do que necessariamente no campo judicial.”

A declaração ardilosa e um pouco enigmática parece condenar o Judiciário, que sempre julga de acordo com sua ética, com base em provas objetivas. O Ministro sugere substituir essas decisões subjetivas do Judiciário por um mal definido “jogo político”, no qual obviamente a vitória é sempre dos mais fortes, dos poderosos, de Sua Majestade. Toda legislação possui brechas, que são devidamente usadas pelos criminosos, como entre os delinqüentes que a Justiça não consegue enquadrar, nos romances de Patricia Highsmith. Para punir os criminosos de massa do nazismo, o Tribunal de Nuremberg teve de criar a posteriori uma lei que qualificasse o crime contra a humanidade, embora o “não matarás” fosse um velho preceito moral subjetivo e válido, mas legalmente impotente contra assassinos de massa sem consciência moral “cumprindo ordens” emanadas do poder constituído.

Normalizar condutas é um sonho totalitário. O homem ético caracteriza-se pelo respeito à lei, mesmo consciente das brechas, que tornam possível sua burla. Já o militante totalitário do PT não consegue evitar o uso das brechas de uma legislação democrática que ele considera democrático-burguesa. Ele se acredita ético justamente ao burlar, em suposto benefício do povo, a legislação da democracia burguesa, que ele diz respeitar apenas para continuar a desrespeitá-la sem punição. Assim, Sua Majestade declarou à imprensa em alto e bom som que fará campanha até o fim de seu mandato, nas suas “horas vagas” e como “cidadão comum”, terminado seu expediente diário na Presidência. Depois de despachar em seu gabinete palaciano, sabe-se lá de que horas até que horas, Sua Majestade irá para as ruas gritar, sem as dignidades do cargo, o nome de sua candidata. Bem, isso não está muito claro. Há uma brecha de conduta aqui. Sua Majestade irá às ruas a pé ou em carro oficial? Viajará de ônibus ou de Aerolula? Gastará dinheiro de seu bolso (apesar da relutância em pagar multas) ou usará seu cartão corporativo (acima de qualquer suspeita ou investigação)? São perguntas que os jornalistas ainda não fizeram a Sua Majestade.

Sua Majestade transformou as cerimônias de inauguração das obras do PAC em comícios financiados pelo erário, mas recebeu apenas duas multas leves por isso, que ele se recusa a pagar (com recursos judiciais e vaquinhas de sindicatos). É verdade que Serra compareceu a mais cerimônias de inauguração: 27, contra 22 de Dilma. Contudo, o governador paulista inaugurou obras de sua administração. Já Dilma inaugurou, com cobertura nacional, em diferentes Estados, obras de uma administração que a inclui, mas que não é a sua. Por isso Sua Majestade a nomeou previa e espertamente a “Mãe do PAC”. Numa dessas ocasiões, em Belo Horizonte, a Mãe do PAC deixou escapar, em ato falho, a verdade sobre o caráter de suas cerimônias de inauguração: “Eu queria desejar e dirigir um especial cumprimento às mulheres aqui da frente que hoje animam sem dúvida esse comício”.

Se muito antes da campanha eleitoral o uso da máquina chegou a esse ponto, prevê-se no reino uma eleição tão limpa quanto a do Irã, que Sua Majestade fez questão de legitimar qualificando o levante dos dissidentes que pagaram com prisão e morte sua denúncia de fraude a uma briga de torcida após a derrota de um time (o futebol é uma importante baliza para a interpretação do mundo no universo mental de Sua Majestade), tal como a greve de fome dos cubanos dissidentes em prisão política na Ilha dos Castro, e que levou um deles à morte, foi qualificada de chantagem inadmissível feita por criminosos comuns. Só que no reino de Sua Majestade a fraude será mais sofisticada. O Brasil tornou-se, ousadamente, o único país do mundo a digitalizar inteiramente suas eleições. Com as urnas eletrônicas em vigência do Oiapoque ao Chuí, a votação escapa totalmente e para sempre do controle dos antigos fiscais dos partidos em disputa, que não têm mais acesso às cédulas de papel para sua contagem ou recontagem. Será por isso que um país tão atrasado e pouco democrático como os EUA reluta tanto em adotar as urnas eletrônicas? Não é difícil prever que as próximas eleições legitimarão o reinado petista, eternizando seu regime segundo o admirado modelo sucessório cubano, onde Príncipe Raul sucede o Mano Velho adoentado depois de trinta anos de reinado. De fato, Sua Majestade Lula está cada vez mais parecida com Sua Majestade Fidel Castro..

Luiz Nazario

sexta-feira, maio 14, 2010

Sua Majestade Lula - Parte II

Instantâneos do culto da personalidade de corte comunista totalitário: Stalin, Mao Tse-Tung e a variante brasileira, Lula, o Filho do Brasil.

O culto da personalidade chegou ao auge com Lula, o Filho do Brasil, a cinebiografia de Sua Majestade lançada com 500 cópias, número inédito para um filme nacional, produzida pela Família Barreto com um montante de R$10,8 milhões em doações de empresas, a maioria delas financiadas em seus negócios pelo BNDES ou contratadas para a execução de obras e serviços do governo federal. Entre os doadores privados para a produção do filme destacou-se o empresário Eike Batista com a doação de US$ 1 milhão. Ele já havia financiado a campanha da reeleição de Lula doando US$ 1 milhão. Logo ele ocupava o 142º lugar na lista dos homens mais ricos do mundo com uma fortuna estimada em 6,6 bilhões de dólares em 2008, passando para o 61º lugar em 2009 e para o 8 º lugar em 2010, tornando-se, com uma velocidade espantosa, o homem mais rico do Brasil, com uma fortuna aproximada de 27 bilhões de dólares. O diretor do filme, Fábio Barreto, inspirou-se na biografia de Lula da jornalista Denise Paraná, fazendo pequenas adaptações:

NO FILME

NO LIVRO

Aristides, pai de Lula, esbofeteia o filho e avança para a esposa Lindu, mas Lula impede que ele bata em Lindu.

Aristides bate em Dona Lindu com uma mangueira, e avança para o filho, mas Dona Lindu impede que ele bata em Lula.

Impressionada com Lula na escola, a professora Terezinha se oferece para adotar o menino: “A senhora não quer que ele seja alguém?”. Dona Lindu responde altiva: “Ele já é alguém. Ele é Luiz Inácio”.

Quando Lula morava em Santos e Dona Lindu quis se mudar para São Paulo, a professora Terezinha insinuou que poderia adotar o menino para que ele pudesse continuar estudando em Santos.

Durante o linchamento de um diretor de fábrica Lula diz ao irmão sindicalista: “Ele também é um trabalhador”.

Sobre o linchamento do diretor de fábrica Lula comentou: “Eu achava que o pessoal estava fazendo justiça”.

Lula descobre corrupção no Sindicato dos Metalúrgicos e cobra, indignado, o afastamento do presidente da entidade.

Não há nenhuma referência a isso na biografia de Lula que serviu de base para a realização do filme. (Fonte: Veja)


Embora o diretor Barreto tenha sofrido um acidente de carro pouco depois da estréia do filme, permanecendo em coma até hoje, nada apagou o brilho deste que foi o maior lançamento da história do cinema brasileiro. Contudo, apesar de todo o empenho da propaganda, o filme acabou fracassando nas salas comerciais: poucos se animaram a ver a cinebiografia de um presidente em exercício, sabendo que nada de grandioso ou terrível, de escandaloso ou chocante, de picante ou indecente poderia ser aí apresentado. A previsão era de 5 milhões de espectadores. O filme vendeu 102 mil ingressos no segundo fim de semana de exibição – um resultado medíocre considerando as 430 salas que suas cópias ocuparam. No mesmo período, Alvim e os esquilos II vendeu 640 mil ingressos. Mas a carreira forçada de Lula, o filho do Brasil grotões adentro ainda não começou: as centrais sindicais planejam projetá-lo nas áreas mais pobres do país com ingressos subsidiados; o DVD do filme será lançado no Dia dos Trabalhadores, em 1º de maio; a Rede Globo deve exibir a fita editada em minissérie, etc.

Em abril de 2010, Sua Majestade Lula deu as caras na TV Bandeirantes, depois de anos sem se dignar a falar com a “antiga imprensa”. Sobre a liberdade nas mídias disse desconhecer país que não a tenha (Datena lembrou Cuba, mas Sua Majestade fingiu não ouvir). Boris Kasoy, fragilizado pela revelação de sua militância juvenil no Comando de Caça aos Comunistas, documentada num número de 1968 da antiga Revista Cruzeiro, e pelo processo que lhe moveu o sindicato dos garis, por uma sua desavisada e infeliz declaração discriminatória, ousou confessar seu temor do controle da informação pelo governo. Sua Majestade então gritou (tendo aprendido com Hitler, um dos líderes que admirava na juventude, como vencer um debate – sobrepondo seu vozeirão ao sussurro tímido do antagonista assustado): “Você não foi à reunião que decidiu isso, Boris? Pois devia ter ido. Agora é assim! As decisões são tomadas nos debates! Depois não adianta reclamar!”.

A lógica petista de Sua Majestade faz lembrar a de Maria Antonieta expressa na famosa frase que lhe foi atribuída: “S’ils n’ont pas de pain, qu’ils mangent de la brioche!”, ou seja, “Se eles [os pobres] não têm pão, que comam bolos!”. Mas duvido que, se ela proferiu a frase, o tenha feito aos berros. A nobreza era cínica e cruel, mas não totalitária (como os revolucionários adeptos da guilhotina funcionando a todo vapor). Já na democracia petista agora é assim: vence quem grita mais alto. As medidas autoritárias são tomadas após reuniões e debates aterradores em que os militantes exercitam orgasticamente sua “novilíngua”, zelando em maioria pelo triunfo das diretrizes da cúpula; as discussões desenrolam-se ritualisticamente, encetadas apenas para legitimar, com a chancela do “debate democrático”, as decisões já tomadas nas instâncias superiores, que triunfam sempre (basta lembrar que a queda da CPMF foi a única derrota do governo até hoje). É o modelo da “democracia popular” e da “democracia direta” que Sua Majestade importou dos regimes comunistas, e que será aprofundado no reinado da princesa Dilma.

Sua Majestade Lula descartou qualquer censura à imprensa, acrescentando ser preciso, contudo, fazer alguma coisa contra a violência na TV, pois de manhã à noite só vê crimes e tiros na telinha. Datena lembrou que os noticiários policiais cobrem o que se passa nas ruas e para se acabar com a violência deve-se cuidar da segurança: “Se eu apresentasse um programa de TV na Suíça não cobriria crimes”, observou, acrescentando que, no Brasil, política e crime estão andando juntos – as reportagens policiais viram reportagens políticas e vice-versa. Sua Majestade estranhou a idéia, e Datena exemplificou com o caso do governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, acusado de corrupção, e que se encontrava preso sem condenação da Justiça. Lula retrucou com uma frase profunda e inquietante: “O que vem primeiro, o ovo ou a galinha?”. Com isso Sua Majestade sugeria que as imagens e os dados transmitidos pela TV produziam a violência, independentemente das condições sociais e materiais da recepção: pobreza crônica, desemprego em massa, moradias faveladas, falta de educação, famílias desagregadas, tráfico corruptor, etc. A TV deveria ser, pois, censurada, pois os telejornais estariam a cobrir uma violência que eles próprios gerariam... O fracasso da administração de Sua Majestade (nos quesitos educação, moradia, emprego, segurança, etc.) estaria assim resolvido.

Sobre o caso Arruda, propriamente, nenhum jornalista lembrou-se de indagar porque o governador foi imediatamente preso (seguindo-se a isso uma campanha infernal de imprensa sobre o “mensalão do DEM”) enquanto Lula, Dirceu e todos os mensaleiros do PT ficaram soltos após as denúncias do mensalão do governo. Enquanto o mensaleiro do DEM foi imediatamente preso “para não destruir provas” os mensaleiros do PT puderam permanecer livres com advogados a tiracolo zelando para que não abrissem o bico, destruindo todas as provas, governando o país e enriquecendo ainda mais. Ou seja, corrupto do PT pode, do DEM vai preso sem direito a habeas corpus. Na mesma semana em que a Justiça negou a Arruda prisão domiciliar, um Juiz mandou soltar os presos (ladrões, assassinos, estupradores) que estavam em containers no Espírito Santo por serem aquelas condições de prisão desumanas. De fato, a prisão dos criminosos em containers era um verdadeiro campo de concentração de tipo nazista como “nunca antes neste país” se vira igual. Mas a solução era soltar os criminosos sem teto, condenados pela Justiça? Por que não processar os responsáveis por aquela barbárie nazista e construir para os criminosos presídios decentes? Ou seja, soltar criminoso condenado pela Justiça pode, mas soltar políticos da oposição acusados de corrupção sem culpa provada, não...

Pouco se falou também da pretensão de Sua Majestade de levar a paz ao Oriente Médio. Caiu mal na comunidade judaica a recusa de Sua Majestade em visitar o túmulo de Theodore Herz, cujo sonho de um Estado Judeu se concretizara no Estado que Lula visitava, e cuja existência ele reconhecia na visita oficial, a primeira de um presidente brasileiro. Mas ao recusar homenagear aquele que sonhara o Estado em que era recebido, Lula deixou implícita sua rejeição ao sionismo, ou seja, ao Estado que visitava. Alguns interpretaram sua recusa como politicagem: na qualidade auto-atribuída de Mediador do Conflito (como ele e outros delirantes o imaginam), ele não poderia ofender os palestinos homenageando o idealista que sonhou o Estado Judeu (ainda que pudesse ofender os judeus vitimados pelo terror palestino depositando flores no túmulo de Arafat).

A embaixadora israelense Dorit tentou colocar panos quentes na situação, sugerindo que Lula talvez ignorasse quem fora Herz. Mas Sua Majestade (“não sei de nada”) sabia de tudo, informado pelos muitos assessores judeus (empresários de esquerda, ideólogos marxistas, neo-stalinistas pacifistas) que o acompanharam na viagem. Além disso, Marco Aurélio “Top Top” Garcia e o ex-diretor da Embrafilme, Celso Amorim, hoje alguma coisa no exterior, certamente aconselharam Sua Majestade Mediadora a não dar esse faux-pas. Na lista dos integrantes do trem de alegria de Sua Majestade rumo ao Oriente Médio divulgada pela CONIB não percebi nomes árabes. Só nomes judeus. Os assessores palestinos, islamitas, árabes, teriam tomado outro trem da alegria à espera de Sua Majestade à saída de Israel? E os amigos e assessores judeus? Continuaram com Sua Majestade nos países árabes, numa comitiva ecumênica juntando assessores judeus e assessores árabes, todos a incentivar a paz? Ninguém comentou esse pormenor.

Parece que, entre os dignitários judeus que acompanhavam Sua Majestade, apenas a assessora Clara Ant e o Governador da Bahia, Jaques Wagner, seguiram para a Palestina e a Jordânia. A assessora Ant criticou os judeus que criticaram Sua Majestade na carta aberta “Colecionador de Amizades” (epíteto que Shimon Peres cunhou para Sua Majestade Lula), onde observou que entre 2003-2008, o intercâmbio comercial entre Brasil e Israel mais que triplicou, saltando de US$ 506 milhões para US$ 1,6 bilhão, fazendo do Brasil o principal parceiro comercial de Israel na América Latina; e que o Acordo de Livre Comércio entre MERCOSUL e Israel – o primeiro do bloco sul-americano com um país de fora das Américas – alargará ainda mais esses promissores horizontes de negócios.

Ex-trotskista, Clara Ant observou que, além da agenda oficial, ocorreram encontros com lideranças de organizações pacifistas, certamente estreitando os laços do Brasil com os inimigos de Israel dentro de Israel. Um dos pontos altos da viagem foi, a seu ver, a visita ao novo Museu do Holocausto. Mas pelo que pudemos perceber na mídia, enquanto Dona Marisa sorria em seu vestido rosa-choque, encantada com a parede tomada pelas fotos das vítimas do Holocausto, Sua Majestade repetia “nunca mais, nunca mais, nunca mais”, sugerindo que esse memorial às vítimas da “irracionalidade humana” deveria ser de conhecimento obrigatório para todos aqueles que queiram dirigir uma nação. Sua Majestade diluía o complexo fenômeno do antissemitismo, do nazismo e do Holocausto na “irracionalidade humana”, criticando pelas costas o amigo iraniano Mahmud Ahmadinedjad, negador do Holocausto, que Lula não hesitava em receber em palácio, num ato de “irracionalidade humana” que Clara Ant não percebia como tal nem condenava.

No Museu, Sua Majestade depositou uma coroa de flores para todas as vítimas do extermínio nazista, repetindo o que fizera na entrada do Congresso em memória dos soldados israelenses mortos nos conflitos regionais. Sua Majestade defendeu enfaticamente a existência do Estado de Israel, soberano, seguro, pacífico, convivendo, lado a lado, com um Estado Palestino soberano, seguro, pacífico. E se os palestinos não se contentarem com um Estado seguro, soberano, pacífico, convivendo, lado a lado, com um Estado judeu soberano, seguro, pacífico? E se os judeus não admitirem que seu Estado seja povoado por uma maioria árabe ditando as regras, suprimindo sua liberdade de determinar seu futuro? Ora, no Brasil, judeus e árabes “vivem em perfeita harmonia”. Por que não no Oriente Médio? Será porque lá eles vivem outra dimensão da História? Sua Majestade não dá bola para a História. Por isso ele foi lá brandir sua credencial de Mediador da Paz, levando uma importantíssima mensagem pacifista àqueles ignorantes.

Somente a grande historiadora Anita Novinsky, em breve recado a Clara Ant na Rua Judaica(1), para perceber como certa ideologia tem deformado a linguagem, em deslizamentos de sentidos que contaminam toda a mídia. Finalmente alguém notou a visão deformada sobre o sionismo como suposta “criação” de um ideólogo. A ojeriza de Sua Majestade Lula em visitar o túmulo de Herzl é coerente com o programa petista que condena o sionismo, mas compromete sua autoconcedida credencial de Mediador, a levar sua tão importante, tão inédita, mensagem de paz aos ignorantes belicosos do Oriente Médio. Para Ant, “nunca antes aconteceram” entre Israel e Brasil o que agora acontece com Sua Majestade; por isso, “seria muito bom que a comunidade [judaica] no Brasil conhecesse e pudesse debater a pluralidade de posições que existem lá em Israel [...]. Um professor da Universidade Hebraica de Jerusalém, que já dirigiu o Mossad [...] defende [...] a necessidade de envolver o Hamas num acordo. Muitas vezes a maneira como são tratadas algumas diferenças no interior da comunidade [judaica brasileira] me lembram o absurdo do pensamento único imposto pelo stalinismo, que eu sempre combati. Da mesma forma que o anticomunismo (ou o anti-socialismo) me faz lembrar que o primeiro golpe dado por Hitler foi conseguir maioria a partir da retirada dos comunistas do parlamento.” Aqui, a “ex-trotskista” Clara Ant, citando o vago exemplo do “professor ex-Mossad” simpático a “acordos com o Hamas”, assimila a comunidade judaica brasileira (supostamente ignorante do pluralismo de Israel) a Hitler e a Stalin, dando continuidade ao pensamento trotskista reformado em petismo, que nas incessantes investidas de Sua Majestade no exterior parece querer emular a revolução permanente de Trotski...

Nota

(1) “Tudo que você disse é verdade. Mas a repercussão de certa atitude e frases pronunciadas pelo nosso presidente surpreendeu os que o admiravam. Afinal, ele não ia depositar flores no túmulo do "criador" do sionismo. Sionismo existe desde que existe o povo judeu. Herzl apenas procurou uma pátria como solução para a tragédia do povo judeu, depois dos massacres na Rússia, explicando, esclarecendo e abrindo os olhos do mundo de que a causa de tanta dor era a falta de um território nacional. E apenas por curiosidade, para relembrar a história, foi um português, Damião de Góis, que disse exatamente isso, no século XVI.” NOVINSKY, Anita. Querida Clara Ant. Tribuna do Leitor, Rua Judaica, 4/5/2010.

Luiz Nazario