quarta-feira, setembro 13, 2006

Semiologia de uma Imagem


Na série de imagens acima, publicadas na reportagem Lula retoca foto-símbolo da campanha, publicada na Folha de S. Paulo (10/09/06), podemos ver o Líder, “seu” Povo e “sua” Pátria, aparentemente embelezados pelo Photoshop para se transformarem no cartaz oficial da campanha de Lula. Mas até na fabricação de uma imagem, especialidade dos publicitários, os Dudas Mendonças a serviço do Poder Petista mostram-se incompetentes – até nisso! Como notaram os jornalistas Pedro Dias Leite e Eduardo Scolese, da foto original que um fotógrafo oficial da Presidência tirou a 21 de março de 2006, numa aparição de Lula no município Lauro de Freitas, na Bahia, os marqueteiros do candidato Lula apagaram a figura do chefe de segurança, general Marco Edson Gonçalves Dias; suprimiram uma mão anônima que estava em primeiro plano; limparam o céu, tirando e colocando nuvens; e varreram uma tenda branca que estragava a visão do fundo. O que os jornalistas não perceberam é que os marqueteiros não fizeram um serviço muito limpo; ao contrário, eles deixaram os dedos do general em cima do braço de Lula: na segunda versão da foto, quatro dedos cortados; na versão final do cartaz oficial da campanha, três dedos cortados (o quarto dedo, que estava levantado, foi meio que cortado, meio que fundido no braço de Lula). E, para disfarçar toda essa horrível mutilação, os “artistas” falsificadores colocaram uns respingos de tinta vermelha que acabaram, grotescamente, evocando sangue – dedos mutilados e sangrentos em cima do braço de Lula, esse ex-metalúrgico que teve um dedo mutilado! Seria uma homenagem de humor negro ao aposentado por invalidez que “trabalha duro” pelo Brasil? Não. Incompetência a toda prova. E a Folha, que deu a matéria, não percebeu! E mais: os marqueteiros do PT não apenas suprimiram o chefe de segurança como colocaram um velhinho e duas mulheres olhando sorridentes para o Lula, para completar o quadro messiânico-stalinista do candidato dito vitorioso. Por fim (e isso a Folha tampouco observou em seu furo de reportagem), os marqueteiros esqueceram, lá no meio do abraço enlevado do menino em Lula, o braço esquerdo do general:



Os “artistas” marqueteiros do PT devem ter imaginado que naquela confusão de Povo e Líder se fundindo, ninguém iria notar um braço a mais, ainda que solto no ar. Concentrando numa única imagem tanta incompetência, mentira, mutilação e horror, a imagem oficial da campanha de Lula, afixada em cartazes gigantescos em todas as praças por onde o candidato-presidente discursa, parece ser um alerta visionário, um sinal revelador. Que Deus nos proteja da materialização da catástrofe assim anunciada...

Luiz Nazario