terça-feira, fevereiro 20, 2007

Monstros antigos e modernos




Acima, impressionantes imagens retiradas, respectivamente, dos tratados de Vesalius, Paré e Liceti, disponíveis no site da exposição Les Monstres à la Renaissance et à l’âge classique. Abaixo, o pôster oficial do filme O Motoqueiro Fantasma e o esboço de William Stout para O Labirinto do Fauno.




É notável a recente multiplicação dos monstros nas telas de cinema: filmes nos quais os personagens principais são seres humanos divididos por uma essência monstruosa atingem imenso sucesso. Tal sucesso algumas vezes é expresso por milionárias bilheterias – como é o caso recente do blockbuster Motoqueiro Fantasma (Ghost Rider, 2007), que arrecadou em seu final de semana de estréia US$ 44,5 milhões, a melhor renda de abertura da história do cinema. Ou por sagração pela crítica especializada – como é o caso de O Labirinto do Fauno (El Laberinto del Fauno, 2006), sombria e violenta narrativa alegórica criada pelo diretor mexicano especializado em “monstros” Guillermo del Toro, que recebeu 6 indicações ao Oscar.

De qualquer forma, o persistente fascínio que o monstro tem para as massas – fascínio cuja estrutura narrativa, essência estética e conseqüência política foram dissecadas por Luiz Nazario em seu estudo Da Natureza dos Monstros – não é atual. A monstruosidade finca suas raízes em momentos ancestrais da humanidade: sua sombra surge, em cores vivas ou suaves e escondidos meio-tons, não apenas através da criação narrativa, artística e poética, mas também nos ensaios filosóficos, nos tratados teológicos, nos estudos médicos, nos projetos políticos. É essa monstruosidade difusa e encarada como objeto do universo “real” que surge na exposição Les Monstres à la Renaissance et à l’âge classique, reproduzida no site da Bibliotèque Interuniversitaire de Médecine, em Paris. As gravuras, nos tratados médicos, ultrapassam a função descritiva e surgem carregadas de significados, estigmas e sugestão. O hibridismo das criaturas alimenta-se e alimentaria longa cadeia imagética. Essa cadeia, enriquecida de outras fontes e formas, chega aos nossos dias e, a todo vapor, promete não apenas durar um tempo ainda maior mas, alimentada pelos fantasmas cotidianos que surgem da própria realidade prosaica, crescer, aumentar e multiplicar.

- Les Monstres à la Renaissance et à l’âge classique.
- Esboços de William Stout para O Labirinto do Fauno e sketchbook de Guillermo del Toro para o mesmo filme.
- Site oficial de O Motoqueiro Fantasma.

Alcebiades Diniz Miguel

quinta-feira, fevereiro 08, 2007

A Lonely Sky


Dirigido por Nick Ryan, o curta A Lonely Sky aborda os dilemas de pilotos de provas tentando quebrar a barreira do som ao final dos anos 1940. O que impressiona neste filme irlandês é a criação, em seus 12 minutos, de ambientes completamente virtuais que simulam, com perfeição milimétrica, não apenas as aeronaves como os bombardeiros B-29 ou P-80, mas os ambientes secos do deserto do Mojave, no qual a ação está ambientada.
Renderizado pelo Softimage XSI, certas seqüências recordam o universo do filme Captain Sky e o Mundo do Amanhã (Captain Sky and the World of Tomorrow, 2004), mas com um grau de detalhamento e realismo impressionantes, completamente criadas via software. Assim, das 80 tomadas realizadas no filme, cerca de 60 – ou cinco minutos – foram criadas completamente em computação gráfica.O trailer e um making of do filme estão disponíveis no site oficial da produção, enquanto o curta está, desde fins de 2006, percorrendo o circuito mundial de festivais. Esperemos que chegue por aqui.

http://www.alonelysky.com/

Alcebiades Diniz Miguel